Sobre este Remédio

Talidomida - Funed, para o que é indicado e para o que serve?

Indicações aprovadas nos termos da RDC nº 11, de 22 de março de 2011. A talidomida é usada para tratar e prevenir o eritema nodoso hansênico (ENH). É utilizada no tratamento de aftas orais em pacientes que convivem com o vírus HIV e que não respondem a outros medicamentos; no tratamento do lúpus eritematoso (doença que também afeta a pele); no tratamento da doença enxerto contra hospedeiro (uma complicação que pode ocorrer após transplante de medula óssea ou de células tronco); no tratamento do mieloma múltiplo (tipo de câncer) que não respondeu à quimioterapia e no tratamento da síndrome mielodisplásica (desordem da célula-tronco responsável pela formação de células sanguíneas) em pacientes que não responderam ao tratamento com eritropoietina. Caso você ainda não saiba o porquê de estar tomando este medicamento, pergunte ao seu médico antes de iniciar o tratamento. Como o Talidomida - Funed funciona?  A talidomida apresenta ações anti-inflamatória e reguladora do sistema imunológico. Ainda não se conhecem os detalhes de como o medicamento age no organismo. O tempo para o início da ação do medicamento irá variar conforme a indicação de uso.

Quais as contraindicações do Talidomida - Funed?

Não tome este medicamento se você já teve alguma reação alérgica à talidomida. Não doe sangue e nem esperma se estiver usando este medicamento. A talidomida pode causar problemas congênitos sérios e fatais nos fetos. Proibida para mulheres grávidas ou com chance de engravidar.

Como usar o Talidomida - Funed?

Recomenda-se que o medicamento seja administrado antes de dormir para minimizar o impacto do seu efeito sedativo e com intervalo de, pelo menos, 1 hora após a última refeição do dia. O comprimido deve ser ingerido com, no mínimo, um copo cheio de água. Caso a posologia indique a necessidade de ingestão de 50 mg de talidomida, deve-se partir o comprimido da seguinte maneira: Segure o comprimido conforme imagem abaixo, posicionando os polegares na fase sulcada do comprimido. Girar as mãos para baixo, de forma a partir o comprimido na fase inferior (lisa), que está em contato com os indicadores. Posologia do Talidomida - Funed A dose prescrita pelo médico poderá ser diferente para cada paciente, sendo indicada para: Eritema nodoso hansênico (ENH) ou reação tipo II A talidomida é o medicamento de escolha na dose de 100 a 400 mg/dia, conforme a intensidade do quadro. Úlceras aftoides idiopáticas em pacientes que convivem com o vírus HIV O tratamento padrão consiste na administração de 200 mg/dia por quatro semanas, podendo essa dose ser diminuída, a critério médico, frente à ocorrência de sedação ou de algum outro evento adverso. Caso não ocorra remissão completa das lesões no período de quatro semanas, o médico deverá ser consultado para prolongamento do tratamento e/ou ajuste de dose.  Doença do enxerto contra hospedeiro Recomenda-se que se inicie com 50 a 100 mg/dia. Doses acima de 200 mg/dia devem ser divididas em 2 a 4 tomadas por dia, 1 hora após as refeições. A dose alvo é de 400 mg/dia, mantendo-se a dose continuamente em caso de resposta objetiva. Lúpus eritematoso O tratamento com o medicamento Funed Talidomida deve iniciar-se com a dose de 50 mg até 100 mg/dia, dividida em 2 doses diárias, por, pelo menos, 6 meses, por via oral. A dose máxima recomendada é cerca de 400 mg/dia. Se não ocorrer reativação da lesão cutânea, tenta-se reduzir a dose (50 mg em dias alternados) e, depois de 3 meses, suspende-se a talidomida. Caso surjam novas lesões cutâneas, reinicia-se o tratamento. Mieloma múltiplo O tratamento preconizado é de 200 mg/dia acrescidos de 200 mg a cada 2 semanas, com limite de 400 mg/dia ou até o limite de tolerância do paciente em relação aos efeitos colaterais. A dose diária é de 100 mg, por via oral, nos primeiros 14 dias e, não havendo intolerância, aumentar para 200 mg continuamente até regressão da doença. Havendo intolerância, manter a dose de 100 mg/dia. Usar continuamente até regressão da doença. Síndrome mielodisplásica Iniciar o tratamento com 100 a 200 mg/dia, em dose única, durante 4 semanas, com aumento da dose a cada mês, conforme a tolerância do paciente. Doses acima de 200 mg/dia devem ser divididas em duas a quatro tomadas diárias, 1 hora após as refeições. A dose de resposta ao tratamento varia entre 200 a 400 mg/dia, sendo esta última a dose máxima diária. Siga a orientação de seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico.  O que devo fazer quando eu me esquecer de usar o Talidomida - Funed?  Se você esquecer uma dose do medicamento, tome-o o mais rápido possível. Entretanto, se estiver quase na hora da sua próxima dose, pule a dose esquecida e volte ao seu esquema de dose regular. Não dobre as doses. Em caso de dúvidas, procure orientação do farmacêutico ou do seu médico.

Quais cuidados devo ter ao usar o Talidomida - Funed?

Evite realizar tarefas de risco, como dirigir automóveis ou operar maquinários complexos ou perigosos, além do uso de bebidas alcoólicas e de outros medicamentos que causam sonolência. Mulheres grávidas e em idade para engravidar Não utilize a talidomida se você estiver grávida ou amamentando, mesmo que alternativas terapêuticas e tratamentos não estejam funcionando. Se uma mulher grávida ingerir pequenas doses de talidomida, mesmo que seja apenas 1 comprimido, esta dose é capaz de causar problemas ao bebê, tais como malformações físicas ou deficiências funcionais. Mulheres em idade fértil, após criteriosa avaliação médica, podem utilizar talidomida depois de fazer um teste de gravidez 24 horas antes de começar o tratamento com talidomida, descartando qualquer chance de estar grávida. O teste deve ser realizado, ainda, uma vez por semana durante o primeiro mês do tratamento e a cada 2 a 4 semanas após o primeiro mês. Além disso, você não deve ter contato sexual heterossexual a menos que você use dois métodos contraceptivos efetivos, sendo, pelo menos, 1 (um) método de barreira, ao mesmo tempo por, pelo menos, 1 (um) mês antes de iniciar o tratamento com talidomida, durante o tratamento e por, pelo menos, 1 (um) mês após você parar de ingerir a talidomida.  Proibida para mulheres grávidas ou com chance de engravidar. Homens sob tratamento com talidomida Homens que estejam em tratamento com talidomida devem usar preservativos quando tiverem contato sexual com mulheres. Mesmo homens que tiverem realizado vasectomia devem fazer uso de preservativo. O uso do preservativo deve ser feito mesmo 30 dias após parar de tomar o medicamento. Condições de saúde pré-existentes Algumas condições de saúde pré-existentes podem afetar o uso da talidomida. Conte ao seu médico se você tiver qualquer problema de saúde, especialmente: Contagem de células brancas (leucócitos) do sangue diminuídas; Neuropatia periférica – a talidomida pode tornar esta condição pior; Disfunção renal ou hepática; Histórico de eventos tromboembólicos. Este medicamento contém lactose.

Quais as reações adversas e os efeitos colaterais do Talidomida - Funed?

Juntamente com os efeitos necessários, um medicamento pode causar outros efeitos indesejáveis. Embora nem todos esses efeitos adversos possam ocorrer, comunique ao seu médico e à Funed caso algum deles aconteça. Malformação Fetal A reação de maior gravidade da talidomida é a malformação fetal (teratogenicidade), incluindo defeitos cardíacos, renais, genitais e encurtamento de membros do feto (focomelia). Em quase todas as mulheres que tomaram talidomida no início da gravidez, houve malformação fetal, por isso, o uso do medicamento é proibido durante a gravidez. Reação muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento) Neuropatia periférica Entre as reações adversas mais comuns, a possível lesão de um nervo periférico (neuropatia periférica) é, provavelmente, a mais limitante e, geralmente, manifesta-se após doses cumulativas do medicamento. Sintomas como coordenação anormal ou dor nas mãos e nos pés podem ser causados por danos nos nervos (neuropatia periférica) e devem ser informados ao médico. Constipação A prisão de ventre (constipação) é reação adversa muito comum e usualmente pode ser resolvida com reeducação de dieta e/ou emolientes. Sonolência Sonolência, relaxamento da musculatura e supressão dos reflexos ocorrem com relativa frequência. Efeitos hematológicos Os efeitos sanguíneos (hematológicos), como número anormalmente baixo de neutrófilos (neutropenia) ou de plaquetas (plaquetopenia) foram observados em pacientes com alguma desordem sanguínea. A neutropenia dose dependente pode estar mais associada a pacientes que convivem com o vírus do HIV e em pacientes transplantados de medula óssea. O número baixo de plaquetas (plaquetopenia) é uma consequência adversa hematológica relatada da terapia com talidomida. É importante monitorar sinais incluindo pontos vermelhos na pele (petéquias) e hematomas que podem indicar hemorragia de vasos sanguíneos, sangramento no nariz, sangramento gastrointestinal, especialmente se estiver em uso de outro medicamento que aumente o risco de sangramento.  Reação comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento) Erupções cutâneas Hipersensibilidade cutânea pode ser percebida precocemente, a partir de dois dias de introdução do medicamento, e pode ser controlada com anti-histamínicos. Infecções As alterações na imunidade, decorrentes do uso da talidomida, podem aumentar a possibilidade de infecções. Efeitos tromboembólicos Eventos tromboembólicos são descritos, principalmente, quando a talidomida é usada em associação com dexametasona ou com poliquimioterapia. Estes eventos podem se apresentar como dor ou inchaço nas pernas e dor no peito ou dificuldade em respirar, devido a coágulos em veias ou artérias. Outros efeitos indesejáveis Efeitos endócrinos que podem ocorrer em mulheres em uso de talidomida são: Decréscimo da secreção do hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). Em indivíduos que convivem com o vírus HIV e estão em uso de talidomida, foram reportadas alterações no nível de hormônio estimulante da tireoide (TSH), secreções da tireoide e aumento na secreção de corticotropina e prolactina, porém, a frequência dessas reações não foi determinada. A maior parte desses efeitos são dose dependentes, podendo reverter completamente após redução da dosagem ou retirada do medicamento. Atenção: este produto é um medicamento que possui nova indicação terapêutica no país e, embora as pesquisas tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicado e utilizado corretamente, podem ocorrer eventos adversos imprevisíveis ou desconhecidos. Nesse caso, informe seu médico.

Qual a composição do Talidomida - Funed?

Cada comprimido contém: Talidomida 100 mg Excipientes q.s.p. 1 comprimido Excipientes: lactose monoidratada, celulose microcristalina, estearato de magnésio, crospovidona, dióxido de silício. Apresentação do Talidomida - Funed Funed Talidomida 100 mg Cartucho com 3 envelopes de alumínio contendo 10 comprimidos cada. Funed Talidomida 100 mg Cartucho com 3 blísteres contendo 10 comprimidos cada. Uso oral. Uso adulto.

Superdose: o que acontece se tomar uma dose do Talidomida - Funed maior do que a recomendada?

A toxicidade aguda é extremamente baixa a ponto de tornar-se difícil a determinação da dose necessária para causar morte em metade de uma população de camundongos utilizada para estudo do medicamento. Altas doses de talidomida, ingeridas acidentalmente ou em tentativa de suicídio, não mostraram ação na diminuição da atividade respiratória e do coração. Dependência física e mental não foi relatada em pacientes que tomaram talidomida. No entanto, com efeitos semelhantes a outros medicamentos calmantes e hipnóticos, a talidomida também cria o hábito nos pacientes de sentir seus efeitos soníferos. Procure o serviço de emergência médica mais próximo de sua residência. Não tome qualquer atitude antes de procurar atendimento médico adequado. Em caso de uso de grande quantidade deste medicamento, procure rapidamente socorro médico e leve a embalagem ou bula do medicamento, se possível. Ligue para 0800 722 6001, se você precisar de mais orientações.

Interação medicamentosa: quais os efeitos de tomar Talidomida - Funed com outros remédios?

Se você estiver tomando talidomida, comunique ao seu médico se estiver em uso de qualquer uma dessas substâncias: Medicamentos dos grupos ansiolíticos, hipnóticos, antipsicóticos, anti-histamínicos H1, derivados dos opiáceos, barbitúricos, antidepressivos tricíclicos e álcool. A talidomida tem propriedades sedativas, motivo pelo qual poderá potencializar a sedação desses medicamentos; Agentes quimioterápicos neurotóxicos, como cisplatina, etoposídeo, alcaloides da vinca ou taxanos; antirretrovirais conhecidamente associados à neuropatia periférica, como estavudina e didanosina; tuberculostáticos, como isoniazida, etambutol e etionamida; outros medicamentos, como bortezomibe, cloranfenicol, dapsona, fenitoína, hidralazina, lítio, metronidazol, nitrofurantoína e óxido nitroso. O uso desses medicamentos com talidomida pode aumentar o risco de neuropatia periférica (formigamento, ardência, dormência ou dor nas mãos ou pés) ou pode piorá-la. Interação com alimentos A administração concomitante da talidomida com alimentos pode aumentar o tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática. Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento. Não use medicamento sem o conhecimento do seu médico. Pode ser perigoso para sua saúde.

Interação alimentícia: posso usar o Talidomida - Funed com alimentos?

A administração concomitante da Talidomida com alimentos pode aumentar o tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática.

Qual a ação da substância do Talidomida - Funed (Talidomida)?

Resultados de Eficácia Eficácia da Talidomida no tratamento do eritema nodoso hansênico ou reação tipo II Em 1965, foi publicado o primeiro estudo descrevendo o uso de Talidomida por 6 pacientes com reações hansênicas severas. Em todos os casos foram observados efeitos benéficos dentro de 8 a 48h após a administração oral de Talidomida e rápida melhoria do eritema nodoso. Foram utilizadas doses entre 100 mg e 500 mg por dia e durante 4 semanas não foram observados efeitos tóxicos1. Em uma revisão, que incluiu 4.522 pacientes tratados com Talidomida, observou-se que 99% dos pacientes apresentaram melhora, enquanto apenas 1% não apresentou nenhuma mudança ou teve o quadro agravado. Neste trabalho, foi observado, ainda, que a melhor dose inicial de Talidomida para tratar eritema nodoso hansênico era de 400 mg/dia, com doses de manutenção entre 50-100 mg/dia2. Outro estudo, realizado pela Organização Mundial de Saúde, comparou a eficácia da Talidomida e do ácido acetilsalicílico no tratamento de eritema nodoso hansênico. Foram incluídos 92 pacientes, sendo que, conforme a aleatorização, 42 pacientes receberam o ácido acetilsalicílico e 50 pacientes receberam Talidomida. Nesse estudo, também foi observada a eficácia de Talidomida para tratamento do eritema nodoso hansênico (tabela 1)3. Tabela 1: Resposta cutânea dos pacientes com eritema nodoso submetidos ao uso da Talidomida e ácido acetilsalicílico3. Tratamento Número de pacientes Número de reações observadas nos pacientes Resposta (%)* Talidomida 50 116 75,4 Ácido acetilsalicílico 42 98 25,4 *Ausência de lesões após 8 dias de tratamento. Eficácia da Talidomida no tratamento do mieloma múltiplo (MM) Bittencourt, em 2004, realizou estudo sobre a verificação dos efeitos terapêuticos da Talidomida em pacientes com mieloma múltiplo, no serviço de hematologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Foram acompanhados 35 portadores de MM em uso de doses baixas (100 mg de talidomida)4. Após acompanhar esse grupo de pacientes por 33 meses, as principais observações foram: Para as indicações de indução de remissão de recaída, refratariedade ou primeira linha, 65% dos pacientes apresentaram redução dos marcadores de atividade da doença em até 6 meses de uso; Naqueles cuja indicação foi para manter o plateau, 87,5% atingiram o objetivo; Verificou-se que a dose de 100 mg é efetiva com o tempo médio de 12 semanas para apresentar resposta satisfatória, repetindo os resultados de experiências publicadas anteriormente5,6. Eficácia da Talidomida no tratamento de úlceras aftoides em pacientes que convivem com o vírus HIV Em um estudo duplo-cego, randomizado, pacientes foram submetidos a tratamento, por quatro semanas, com 200 mg de Talidomida ou de placebo, por via oral, em dose única diária, visando à cicatrização das úlceras aftoides bucais de pacientes convivendo com o vírus HIV7. No grupo em uso de Talidomida, 16 dos 29 pacientes (55%) tiveram cicatrização completa de suas úlceras aftoides bucais após 4 semanas, comparativamente a apenas 2 de 28 pacientes (7%) no grupo placebo. Foi observada diminuição da dor e melhoria da capacidade de se alimentar com o tratamento com Talidomida. Em outro estudo, visando determinação da segurança e da eficácia da Talidomida para o tratamento de ulcerações aftoides esofágicas em pacientes convivendo com o vírus HIV, 24 pacientes (com ulcerações aftoides esofágicas confirmadas por biópsia) foram aleatoriamente distribuídos para receber Talidomida 200 mg ou placebo, em dose única diária, por quatro semanas8. Oito dos 11 pacientes (73%), que receberam Talidomida, tiveram cicatrização completa das úlceras aftoides na quarta semana de avaliação endoscópica, comparativamente a 3 dos 13 pacientes (23%) que receberam placebo8. Eficácia da Talidomida no tratamento da doença enxerto contra hospedeiro (DECH) Em uma revisão de literatura, realizada pelo Ministério da Saúde, observou-se que vários estudos de fase II para tratamento de DECH crônica de alto risco ou refratária apresentaram resposta à Talidomida em doses entre 100 a 1.600 mg/dia. Porém, não foi observada atividade de Talidomida para tratamento de DECH aguda refratária. Observou-se ainda que doses altas são mal toleradas e que nos estudos de fase III analisados não foi demonstrado benefício no uso de Talidomida como profilaxia ou como tratamento de primeira linha para DECH crônica9. Em outro estudo, em que se avaliou a atividade da Talidomida em 44 pacientes com DECH crônica refratária ou de alto risco, também observaram-se a efetividade e a segurança do tratamento. Foram observadas taxas de resposta de 59% e de sobrevida global de 64% dos pacientes que utilizaram Talidomida10. Igualmente, em outros três trabalhos observou-se situação semelhante, registrando taxas de respostas entre 20% e 38%11,12,13. Em um desses trabalhos observou-se, ainda, que a Talidomida pode ser utilizada em crianças com DECH crônica refratária a corticoide, porém as doses variaram bastante, podendo ser entre 400 e 1.200 mg/dia, e 3 a 12 mg/kg dia. Doses acima de 400 mg/dia foram mal toleradas, de modo que recomenda-se uma dose alvo de 400 mg/dia14. Eficácia da Talidomida no tratamento da Síndrome Mielodisplásica Estudo não randomizado, com 47 pacientes com síndrome mielodisplásica (MDS) de baixo risco, foi realizado por 16 semanas, sendo que iniciou-se o tratamento com 200 mg/dia de Talidomida, por 4 semanas, com aumento da dose conforme tolerado pelo paciente até 800 mg/dia na 16ª semana. Demonstrou-se que 83% dos pacientes (39/47) completaram pelo menos 8 semanas de tratamento. Vinte e dois pacientes interromperam o tratamento entre a 8ª e 16ª semana por efeitos colaterais, sendo que destes, 8 pacientes (36%) obtiveram resposta hematológica. Dezessete pacientes completaram 16 semanas de tratamento, sendo que 15 (88%) obtiveram resposta hematológica. Desses 17 pacientes, 8 pararam o tratamento por efeitos colaterais na 16ª semana, 9 continuaram o tratamento e 6 completaram 56 semanas de tratamento15. Foi realizado um estudo prospectivo, multicêntrico para avaliar a eficácia e a toxicidade de Talidomida em 68 pacientes adultos com MDS. Iniciou-se o tratamento com 200 mg/dia aumentando a dose em 50 mg/dia a cada semana até a dose diária alvo de 1.000 mg/dia. Observou-se que apenas 9% dos pacientes (6/68) apresentaram melhora hematológica. Dos 62 pacientes que não responderam ao tratamento, 46 (68%) alcançaram estabilização da síndrome e 16 (24%) tiveram falha no tratamento, seja por morte ou por piora do diagnóstico16. Em uma análise retrospectiva de uma série de casos, com 83 pacientes com MDS, em que foi iniciado tratamento com 100 mg diários de Talidomida, por um mês, com aumento da dose conforme tolerado até 400 mg/dia, observou-se que 16 pacientes (19%) apresentaram melhora hematológica, sendo que 6 responderam com diminuição de seus pedidos de transfusão de concentrado de glóbulos vermelhos (PRBC) em 100%, 4 diminuíram suas transfusões em 100% e tiveram aumento de sua hemoglobina (Hb) e 1 paciente não dependente de transfusão de PRBC aumentou Hb mais que 2 g/dL17. Em outra análise retrospectiva da eficácia da Talidomida em pacientes com MDS, em que iniciou-se o tratamento com 100 mg/dia com aumento gradual da dose em 100 mg/dia por semana até se observar melhora hematológica, foram avaliados 29 pacientes, sendo que 6 pacientes (3 com um complexo cariótipo) demonstraram falha ao tratamento com Talidomida e a síndrome progrediu (5 pacientes apresentaram progressão para leucemia mieloide aguda); 4 pacientes não demonstraram nenhuma melhora hematológica e nem progressão da síndrome (doença estável), sendo que 2 destes pacientes tinham anemia refratária com um complexo cariótipo prévio; e 19 pacientes responderam ao tratamento, obtendo melhora hematológica18. A intolerância à Talidomida, devido aos seus efeitos colaterais, foi o motivo principal da suspensão do tratamento. Os efeitos colaterais mais comuns observados foram: Fadiga, constipação, tontura, sedação, falta de ar, retenção de fluido, erupção, dormência e formigamento dos dedos das mãos e dos pés, febre, dor de cabeça, náusea, câimbras musculares, infecção, neuropatia e dispneia15,16,17. Três pacientes tiveram eventos adversos sérios, como infarto do miocárdio, pneumonia associada com a rápida progressão da MDS para leucemia mieloide aguda e hemorragia, entretanto, somente em um caso, o evento foi atribuído à Talidomida16. Características Farmacológicas A Talidomida é um derivado do ácido glutâmico existente em formas isoméricas R(+) e S(-) rapidamente interconvertidas em solução aquosa e apresenta rotação óptica igual a zero. Alguns estudos sugerem que o isômero R é responsável pela sedação e o isômero S, responsável pelos efeitos teratogênicos, dados esses não conclusivos, visto que não foram realizados estudos clínicos utilizando apenas um dos enantiômeros19. Estudos demonstraram, inicialmente, que a Talidomida possui ação ansiolítica, hipnótica, antiemética e adjuvante analgésica, além de apresentar efeito teratogênico. Depois foi demonstrado que ela é altamente eficaz em suprimir o eritema nodoso hansênico. Demonstrou-se, também, que ela é útil em pacientes com perda progressiva de peso corporal e suores noturnos relacionados ao câncer ou em pessoas que convivem com o vírus HIV e apresenta atividade antitumoral em pacientes com mieloma múltiplo e numa variedade de tumores sólidos19,20. Mecanismo de ação A Talidomida é um agente imunomodulador com espectro de ação não completamente compreendido. Sua ação pode estar relacionada à supressão da produção do fator de necrose tumoral (TNF-α), efeitos nas interleucinas e no interferon (IFN-γ), infrarregulação de algumas moléculas de adesão da superfície celular envolvidas na migração de leucócitos e mudanças nas proporções de linfócitos CD4+ (células T auxiliares) e CD8+ (células T citotóxicas). Um estudo demonstrou que aumento nos níveis de interleucina 2 (IL-2) e decréscimo nos níveis de TNF-α in vitro são observados apenas com a molécula de Talidomida intacta20. Sabe-se que a Talidomida inibe a quimiotaxia dos neutrófilos. Ela leva ao decréscimo da infiltração dérmica de neutrófilos e células T, além da redução de níveis de TNF-α em pacientes com eritema nodoso hansênico13,20. Foi demonstrado que a Talidomida inibe a angiogênese induzida pelo fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF), efeito que ocorre apenas após ativação metabólica espécie específica do fármaco19,20. Todavia, não é possível identificar um mecanismo dominante único, visto que a ação das citocinas e a grande variedade de efeitos da Talidomida parecem ser complexos19,20. O mecanismo da ação teratogênica permanece desconhecido, entretanto, algumas hipóteses são propostas. Essas podem ser agrupadas em seis categorias onde a Talidomida afeta a: replicação ou transcrição do DNA; síntese e/ou função dos fatores de crescimento; síntese e/ou função das integrinas; angiogênese; condrogênese e morte ou lesão celular19. Farmacocinética A biodisponibilidade da Talidomida administrada por via oral é limitada e não foi ainda bem caracterizada, parcialmente devido à sua baixa solubilidade em água19,20,21. Um estudo realizado com pacientes com hanseníase sugere um aumento de biodisponibilidade em comparação a voluntários sadios20. A meia vida é de, aproximadamente, 8,7 horas em indivíduos saudáveis19,21, podendo variar bastante dependendo da condição clínica do paciente21. O volume de distribuição é de, aproximadamente, 121 L em indivíduos saudáveis. A ligação às proteínas do plasma dos enantiômeros R(+) e S(-) revelou ser de 55% e 65%, respectivamente22. A Talidomida está presente no esperma dos pacientes do sexo masculino em níveis idênticos às concentrações do plasma. O fármaco sofre hidrólise não enzimática no plasma, levando a cinco produtos principais19,20,21,23. Existe uma metabolização hepática mínima da Talidomida pelo sistema enzimático citocromo P45022. A Talidomida não induz ou inibe o seu próprio metabolismo19,20,21. A rota exata de eliminação não é bem estabelecida, mas sabe-se que menos de 0,6% do fármaco é excretado de maneira inalterada na urina após as primeiras 24 horas, o que sugere uma rota de excreção não renal como predominante19. A farmacocinética da Talidomida em pacientes com disfunção renal ou hepática é desconhecida22. A concentração plasmática máxima, o tempo necessário para alcançar o pico da concentração plasmática e o tempo de meia vida de eliminação para comprimidos de Talidomida ainda não foram definidos. Na tabela 2, estão especificadas essas informações correspondentes à forma farmacêutica cápsula. Tabela 2: Tempo necessário para atingir o pico de concentração plasmática máxima, a concentração plasmática máxima e o tempo de meia vida de eliminação, após administração de dose única. Condição clínica Dose Pico de concentração plasmática (mg/mL) Tempo para atingir concentração plasmática máxima (h) Tempo de meia vida de eliminação (h) Indivíduos saudáveis 200 mg 1,15 ± 0,2 3,12 – 5,56 8,7 ± 4,11 Pacientes que convivem com o vírus HIV < 300 mg - 3,4 – 7,2 - Pacientes com hanseníase ≤ 400 mg 3,44 2,9 – 5,7 5 – 7 Fonte: Adaptado de MUJAGIC, H., 2002 e PATIL, C. R. and BHISE, S.B., 2003. Referências Bibliográficas: 1. Sheskin, J. Thalidome in treatment of lepra reactions. Clinical Pharmacology and Therapeutics, v. 6, n. 3, p.303-06, 1965. 2. Sheskin, J. The treatment of lepra reaction in lepromatous leprosy: fifteen years experience with thalidomide. Int J Dermatol, v. 19, p.318–22, 1980. 3. Iyer, C.G.S. et al. WHO Co-ordinated short-term double-blind trial with thalidomide in the treatment of acute lepra reactions in male lepromatous patients. Bull. Wld Hlth Org, v. 45, p. 719-732, 1971. 4. Bittencourt, R. et al. Talidomida e mieloma múltiplo: verificação dos efeitos terapêuticos através de parâmetros clínicos e laboratoriais. Rev. bras. hematol. Hemoter, v. 26, n. 4, p. 245-255, 2004. 5. Larkin, M. Low-dose thalidomide seems to be effective in multiple myeloma. Lancet. 1999; 354:925. 6. Palumbo, A. et al. Low-dose thalidomide plus dexamethasone in an effective salvage therapy for advanced myeloma. Haematologica, v. 86, n. 4, p.399-403, Abril 2001. 7. Jacobson, J. M et al. Thalidomide for the treatment of oral aphthous ulcers in patients with human immunodeficiency virus infection. The New England Journal of Medicine, v.336, n. 21, p. 1487-1493, 1997. 8. Jacobson, J. M et al. Thalidomide for the treatment of esophageal aphthous ulcers in patients with human immunodeficiency virus infection. The Journal of Infectious Diseases; v. 180, p. 61–67, 1999. 9. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 298, de 21 de março de 2013. Atualiza os protocolos de uso da talidomida no tratamento da doença enxerto contra hospedeiro e do mieloma múltiplo. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 21 de mar. de 2013. 10. Vogelsang, G.B. et al. Thalidomide for the treatment of chronic graft-versus-host disease. The New England Journal of Medicine, v.326, n.16, p. 1055-8, 1992. 11. Parker, et al. Thalidomide as salvage therapy for chronic graft-versus-host disease. Blood, v. 86, n. 9, p. 3604-9, 1995. 12. Browne, P. V. et al. Response to thalidomide therapy in refractory chronic graftversus-host disease. Bone Marrow Transplant, v. 26, n. 8, p. 865-9, 2000. 13. Kulkarni, S. et al. Thalidomide after allogeneic haematopoietic stem cell transplantation: activity in chronic but not in acute graft-versus-host disease. Bone Marrow Transplant, v. 32, n. 2, p. 165-70, 2003. 14. Wolff, D. et al. Consensus Conference on Clinical Practice in Chronic GVHD: SecondLine Treatment of Chronic Graft-versus-Host Disease. Biol Blood Marrow Transplant, v. 17, n. 1, 2011. 15. Bouscary, D. et al. A non-randomised dose-escalating phase II study of thalidomide for the treatment of patients with low-risk myelodysplastic syndromes: the Thal-SMD2000 trial of the Groupe Français des Myélodysplasies. British Journal of Haematology. v. 131, n. 5, p. 609-18, dec, 2005. 16. Moreno-Aspitia, A. et al. Thalidomide therapy in adult patients with myelodysplastic syndrome. Cancer. v,107, n. 4, p.767-72, aug, 2006. 17. Raza, A. et al. Thalidomide produces transfusion independence in long-standing refractory anemias of patients with myelodysplastic syndromes. Blood. v. 98, n. 4, p.958- 65, aug, 2001. 18. Strupp, C. et al. Thalidomide for the treatment of patients with myelodysplastic syndromes. Leukemia. v. 16, n.1, p. 1-6, jan, 2002. 19. Mujagic, H. Mechanism of action and potential novel uses of thalidomide. Croat Med J, v. 43, p. 274-285, 2002. 20. Peuckmann, V. et al. Potencial novel uses of thalidomide: focus on palliative care. Drugs, v. 60, n. 2, p. 273-292, aug. 2000. 21. Patil, C.R. and Bhise, S.B. Re-emergence of thalidomide. Indian Journal of Pharmacology, v. 3, p. 204-212, 2003. 22. European Medicines Agency. Resumo das Características do Medicamento. Thalidomide celgene. Relatório atualizado em 2009. Disponível em: . Acesso em 27/07/2015. 23. Franks, M.E. et al. Thalidomide. The Lancet, v. 363, p. 1802-1811, 2004.

Como devo armazenar o Talidomida - Funed?

Conserve este medicamento em temperatura ambiente (15 ºC a 30 ºC), em local protegido da luz e da umidade. Não o guarde no banheiro, perto da pia da cozinha ou em outros lugares úmidos. Caso seu médico suspenda o tratamento com talidomida ou caso expire o prazo de validade inscrito na lateral do cartucho e do envelope, este medicamento deve ser devolvido no local em que você o pegou. Número de lote e datas de fabricação e validade: vide embalagem. Não use medicamento com o prazo de validade vencido. Guarde-o em sua embalagem original. Características do medicamento  O comprimido de Funed Talidomida é circular, plano, sulcado, de cor branca e isento de material estranho. Antes de usar, observe o aspecto do medicamento. Caso ele esteja no prazo de validade e você observe alguma mudança no aspecto, consulte o farmacêutico para saber se poderá utilizá-lo. Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças.

Mensagens de Alerta do Talidomida - Funed

Proibida para mulheres grávidas ou com chance de engravidar. Talidomida causa o nascimento de crianças sem braços e sem pernas. Este medicamento é só seu. Não passe para ninguém. Este medicamento não provoca aborto. Uso sob prescrição médica. Sujeito à retenção de receita. Proibida a venda no comércio. Este medicamento não evita filhos.

Dizeres Legais do Talidomida - Funed

MS 1.1209.0031 Farm. Resp.: Michelle Andreza Chaves de Oliveira CRF-MG nº 16.183 Registrado por: Fundação Ezequiel Dias- Funed  CNPJ 17.503.475/0001-01  Rua Conde Pereira Carneiro nº 80 – Gameleira Belo Horizonte – Minas Gerais CEP 30 510 - 010 Indústria Brasileira SAC: 0800 2831980 Uso sob prescrição médica.  Sujeito à retenção de receita. Proibida a venda no comércio.

...
Composição
Categoria