10,5% dos acidentes de trabalho em vias públicas envolveram motociclistas e ciclistas de entregas rápidas

Em 2022, foram registrados mais de 33 mil acidentes de trabalho em vias públicas, sendo que cerca de 10,5% (3.494 acidentes) envolveram motociclistas e ciclistas de entregas rápidas. Nesta quinta-feira (27), Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, o Ministério da Saúde promoveu um webinário para ampliar a discussão acerca desses acidentes de trabalho ocorridos no trânsito, avaliando fatores que interferem direta e indiretamente na saúde dos trabalhadores. O evento “Morreu na contramão e não atrapalhou o tráfego: a invisibilidade do trabalho nos acidentes de trânsito no Brasil” foi transmitido ao vivo para qualquer pessoa interessada no tema. 

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), o número de trabalhadores com atividade classificada como “transporte, armazenamento e correio” aumentou 18%, passando de 3,8 milhões em 2010 para 4,5 milhões em 2020. Esse crescimento reforça a necessidade de analisar as causas e determinantes sociais e ambientais que contribuem para a ocorrência de acidentes de trabalho no trânsito e discutir as estratégias para sua prevenção. 

Qualquer acidente de trabalho é um agravo de notificação compulsória ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). “As notificações permitem a construção de perfil epidemiológico desses acidentes e a identificação de fatores de risco, que podem orientar a formulação de políticas públicas e as estratégias de prevenção em saúde”, destaca Maria Juliana Corrêa, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde. 

Nos dados de 2022, tanto para homens quanto para mulheres, a faixa entre 18 e 29 anos foi a mais recorrente para os acidentes de trabalho em vias públicas que envolveram entregadores em motos ou bicicletas, refletindo a maior presença dessa faixa etária no setor de entregas e transporte. O estado que registrou o maior número desses acidentes em 2022 foi São Paulo, com um total de 861 acidentes, seguido por Paraná, com 425 acidentes, e Santa Catarina, com 224 acidentes. 

• Outras informações relacionadas ao assunto foram divulgadas recentemente no boletim epidemiológico “Cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito de 2011 a 2021”

As possíveis causas desses acidentes podem envolver fatores como a ausência de treinamento adequado para lidar com situações de risco no trânsito, a pressão por rapidez e eficiência em serviços de entrega e as condições de mobilidade urbana dos territórios. Para reduzir a quantidade e gravidade desses acidentes, faz-se necessário fomentar e apoiar iniciativas intersetoriais entre governo e sociedade civil que priorizem a segurança viária, transporte e trânsito seguros, sinalização e proteção das rodovias, além do desenvolvimento de medidas de prevenção para esses acidentes. É importante, ainda, que motoristas de carros tenham consciência sobre a necessidade de respeitar motociclistas e ciclistas no trânsito. 

O objetivo do webinário foi qualificar as ações de vigilância em saúde do trabalhador e da trabalhadora nas Redes de Atenção à Saúde, compartilhando informações sobre o tema com profissionais, técnicos e gestores que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). O evento foi promovido pela Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde. O título do webinário fez referência à letra da canção “Construção”, de Chico Buarque, lançada no álbum homônimo em 1971.