MISSÃO YANOMAMI

78% das crianças indígenas com desnutrição grave acompanhadas na Casai ganharam peso

15/02/2023
78% das crianças indígenas com desnutrição grave acompanhadas na Casai ganharam peso

Entre as crianças indígenas com desnutrição grave que foram atendidas e são acompanhadas pela Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista (RR), 78% já ganharam peso. O resultado positivo das ações emergenciais do Governo Federal para combater a crise humanitária vivida pelo povo Yanomami foi divulgado nesta terça-feira (14).

Ao todo, são 15 dos 19 curumins (como são chamadas as crianças da etnia pelas equipes de saúde). Todos têm entre seis meses e cinco anos de idade e estão evoluindo de quadros graves para moderados de desnutrição enquanto seguem sendo acompanhados pelas equipes de saúde.

Mesmo sendo apenas uma amostra da população total de crianças desnutridas, é sinal de que o empenho das equipes e as estratégias adotadas até aqui funcionam e podem ser replicadas. “A avaliação é positiva tendo em vista que esse número de crianças que foram acompanhadas conseguiu ganhar peso nesse pouco tempo utilizando os protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde para tratamento com as fórmulas. O próximo passo é ampliar esse tratamento para que possamos fazer a recuperação na Casai e nos polos-base”, explica Mariana Madruga, integrante do grupo de trabalho de nutrição do COE-Yanomami.

Os protocolos mencionados por ela foram estabelecidos a partir do Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave em Nível Hospitalar, disponibilizado pelo Ministério da Saúde em 2005 e validado pelas equipes técnicas como um importante instrumento para lidar com a crise atual. Como o material dá apoio ao tratamento de pacientes internados em unidades hospitalares, foi preciso que os profissionais liderados pelo COE-Yanomami fizessem adaptações à realidade dos pacientes na Casai de Boa Vista.

Isso demandou que fossem utilizadas as experiências locais das pessoas que atuam no Distrito de Saúde Indígena Yanomami (DSEI-Y), dos servidores da Casai, das Secretarias de Saúde Indígena, Atenção Primária e Atenção Especializada do Ministério da Saúde, além do apoio e expertise dos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do programa Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Escolha pela fórmula local e busca ativa

Duas decisões foram centrais para o sucesso dessa primeira batalha do COE-Yanomami frente à desnutrição infantil gravíssima: a escolha pela suplementação com a fórmula preconizada pelo Ministério da Saúde, implementação das diretrizes nacionais do SUS para manejo da desnutrição grave, bem como acompanhamento permanente dos pacientes curumins dentro das instalações da Casai.

“Felizmente a gente conta também com o apoio de antropólogos que auxiliaram nos procedimentos necessários para atender essas crianças dentro da Casai. A adesão ao tratamento é um desafio considerando que [o uso desse tipo de alimento] não é parte da cultura deles, isso é desafiador. Mas as equipes fizeram a busca ativa dentro da Casai para que as fórmulas fossem administradas adequadamente dentro dos intervalos, algumas de três em três horas e outras de quatro em quatro horas. Tem sido um desafio, mas a gente já tem bons resultados no aumento de peso dessas crianças menores de cinco anos”, reforça Madruga.

Ela comemora que as crianças da Casai estão saindo do grau mais grave para os graus moderados e que podem ter continuidade no tratamento até o dia em que receberem alta e voltarem saudáveis para as comunidades de origem.

Os próximos passos são a ampliação progressiva do tratamento às crianças na Casai com quadros parecidos e algumas adaptações às que forem atendidas nos polos-base evitando remoções para quem puder ser atendido dentro da Terra Indígena Yanomami. Isso vai ocorrer de maneira gradual conforme sejam ampliados os quantitativos de profissionais, bem como sua qualificação e deve ser pactuado no âmbito do COE-Yanomami para as próximas semanas. Os quadros gravíssimos seguem sendo atendidos nos hospitais de referência da região.

Fonte:Ministério da Saúde