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Dados apontam maior risco de mortalidade por doenças crônicas na população masculina

15/07/2022

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Foto de: Radilson

Apesar do aumento da expectativa de vida entre os anos de 2000 e 2018, os homens ainda vivem 7,1 anos a menos que as mulheres. Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde (MS) se movimenta no dia 15 de julho, Dia do Homem, para ampliar debates em torno da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem, que enfatiza a necessidade de mudar a percepção desta população em relação ao cuidado com a sua saúde e com a daqueles que fazem parte de seu círculo de relações.  A pasta também prepara ações para dar visibilidade ao tema durante o mês dos pais, em agosto. 

Segundo a Coordenação de Saúde do Homem do MS, é preciso incentivar a busca da prevenção e da promoção da saúde, ao invés da busca por serviços de saúde quando as doenças e os agravos já estão instalados. Muitas vezes, de forma grave, o que resulta em maior sofrimento ao usuário e sua família, além de menor resolutividade e maior custo para o sistema público de saúde.

Contexto

A maneira como os homens foram preparados, desde a infância até a vida adulta, para o desempenho da masculinidade – incluindo hábitos, valores e crenças – representa ainda uma barreira cultural importante para a prevenção e a promoção da saúde. O cuidado com a saúde ainda é visto por parte da sociedade como função “mais adequada” às mulheres, e, portanto, mais exercida por elas. Este é um aspecto cultural que distancia os homens das práticas de cuidado e autocuidado.

Os homens morrem mais do que as mulheres na maioria das causas de óbitos e em todas as faixas etárias até 80 anos. Além disso, estudos recentes (Saúde-Brasil 2021-2022) demonstram a tendência de maior mortalidade precoce (até 60 anos) entre homens, especialmente decorrente de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), caracterizadas principalmente por doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, neoplasias e diabetes mellitus.

Em 2018, esses quatro principais grupos de DCNT foram responsáveis por 55% do total das mortes no Brasil e os homens apresentaram maior risco de morte do que as mulheres em todos esses grupos, principalmente para doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas, com 40% a 50% mais risco de morrer por uma dessas doenças. Esse risco foi aumentado entre homens que fazem uso prejudicial de álcool, possuem dieta e estilo de vida pouco saudáveis, com pressão alta e/ou alto índice de massa corporal, conforme pesquisa Vigitel 2020.

De acordo com os dados, as expectativas sociais em relação aos homens, que produzem sentimentos de invulnerabilidade e afastamento de práticas de autocuidado, são capazes de aumentar o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, dependências químicas e outros comportamentos de risco prejudiciais à saúde, como dietas ricas em gorduras e consumo de bebidas alcoólicas e/ou tabaco.

Além disso, a maior prevalência de morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis também está relacionada ao menor uso dos serviços de saúde, sendo que os homens têm menor número de consultas médicas por ano em comparação às mulheres e fazem menos uso de serviços de atenção primária à saúde.

O percentual de internações por causas sensíveis à atenção primária também é maior na população masculina, o que ratifica a ideia de que os homens acessam os serviços de saúde em situações de maior comprometimento, em que a busca por atendimento, em geral, ocorre em situações extremas de emergência e/ou em nível especializado ou de urgência.

As razões pelas quais esses fatores de risco afetam desproporcionalmente os homens estão frequentemente relacionados às formas como a sociedade educa os meninos e garotos em relação às responsabilidades familiares, vida profissional, atividades recreativas ou necessidade de acessar os serviços de saúde. Em outras palavras, os comportamentos de risco dos homens e sua subutilização dos serviços de saúde estão fortemente ligados às normas predominantes de masculinidade, ou seja, o que significa ser “homem”.

Em outras palavras esses processos “de socialização e de afirmação da masculinidade representam desvantagens em termos de saúde” (Schraiber) e nos comprovam que as diferenças entre homens e mulheres  interferem nos padrões de morbimortalidade. Portanto, pode-se afirmar que “o não cuidado de seu corpo e da saúde, é agregada à noção de que o exercício da masculinidade gera situações de risco para a saúde dos homens” (Couto & Schraiber), como também de suas companheiras e familiares.

 Ações

Entre as iniciativas para a atenção integral às condições crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), ressalta-se o papel da Atenção Primária à Saúde (APS) no acompanhamento longitudinal e na coordenação do cuidado, seja na identificação, na orientação e no controle quanto aos fatores de risco, seja no rastreio e no encaminhamento dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS).

Destaca-se a importância da ampliação do acesso da população masculina a esses serviços para o desenvolvimento de práticas preventivas e de promoção da saúde. Entre elas, a promoção da alimentação saudável e o incentivo à pratica de atividades físicas regularmente.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde disponibiliza duas publicações: o Guia Alimentar para a População Brasileira e do Guia de Atividade Física para a População Brasileira. O primeiro tem por objetivo ofertar informações e orientações sobre alimentação saudável, promovendo a segurança alimentar e educação nutricional para a população. O segundo incentiva a prática regular de atividade física e demonstra como manter uma vida ativa pode ser mais simples do que parece.

Por fim, no âmbito da Promoção da Saúde, há o Programa Academia da Saúde, que busca, por meio da atividade física, complementar o cuidado integral e fortalecer as ações de promoção da saúde em articulação com outros programas e ações de saúde, como a Estratégia Saúde da Família e a Vigilância em Saúde.

Consulte o Guia de Atividade Física

O Guia de Atividade Física para a População Brasileira incentiva a prática regular de atividade física e demonstra como manter uma vida ativa pode ser mais simples do que parece. Dividida em oito capítulos, a publicação aborda a prática de atividade física em vários contextos, grupos e ciclos de vida, além de trazer recomendações sobre a quantidade, a intensidade e exemplos de atividades aeróbias, de força e de equilíbrio, com indicações para um estilo de vida ativo. Acesse agora para consultar informações e recomendações específicas para crianças de até 5 anos, crianças e jovens de 5 a 17 anos, adultos e idosos, gestantes e mulheres no pós-parto, pessoas com deficiência e para a educação física escolar.


Fonte:Secretaria de Atenção Primária à Saúde