OMS

Em discurso na Assembleia Mundial da Saúde, ministra Nísia Trindade fala sobre equidade e cultura de paz

22/05/2023
Divulgação/MS

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, discursou nesta segunda-feira (22) na plenária da 76ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em Genebra, na Suíça. Órgão decisório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a reunião conta com a presença dos países-membro e desenha as políticas da Organização para os próximos doze meses. Neste ano, o tema escolhido foi “OMS aos 75: salvando vidas, levando saúde para todos”.

A Ministra destacou a retomada da agenda brasileira em defesa da equidade em saúde, da cultura de paz e do multilateralismo.

Confira o discurso na íntegra:

Excelentíssimo Senhor Tedros Adhanon, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, 

Excelentíssimo Senhor Presidente desta Assembleia, 

Caros colegas, amigos, 

Senhoras Ministras, Ministros, 

É uma grande honra subir a este púlpito para, em nome do Brasil, celebrar o 75º aniversário da OMS. Trago também uma saudação do Presidente do Brasil, Presidente Lula, que cumprimenta a Organização pela sua história e pela liderança durante o tempo de pandemia.

O grande potencial da Organização está em sua capacidade de enfrentar os desafios contemporâneos e antecipar os futuros desafios. É imperioso neste momento aprendermos lições de uma pandemia que deixou 6 milhões de mortos, mais de 700 mil no Brasil, com grave impacto nos sistemas de saúde, na saúde mental, na economia e no tecido social. Precisaremos de sistemas nacionais de saúde mais preparados para as emergências que virão, e dar respostas a problemas latentes durante esta pandemia. 

Quero também dizer que o Brasil está de volta, o que significa a retomada de nossa agenda em defesa da equidade em saúde, da cultura da paz e do multilateralismo, fundamentais neste tempo. 

Precisaremos enfrentar os desafios da mudança do clima e seus impactos em saúde. Recordemos que mais da metade do tempo para realizar os ODS já transcorreu, e a despeito de alguns avanços como os demonstrados pelo Dr. Tedros hoje, estamos em grande parte do mundo em situação pior do que antes da Covid-19. 

Precisamos nesse momento fortalecer substancialmente os sistemas de vigilância e os sistemas de saúde como um todo. Necessitaremos mais inovação, transferência de tecnologia, financiamento, voltados para sistemas de saúde mais equitativos. Em tempos de inteligência artificial e avanços na saúde digital, é crucial que essas sejam ferramentas acessíveis e eticamente orientadas. Temos que descentralizar a produção de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos para garantir o acesso equitativo em todo o mundo. Trabalhar para reduzir as desigualdades e diante e dentre elas a desigualdade de acesso aos benefícios do conhecimento científico e tecnológico. Desigualdade faz mal a saúde. 

Isso nos exigirá um multilateralismo revigorado. Não alcançaremos esses objetivos sem uma reforma da arquitetura global da saúde que a torne mais ágil, coesa, com a OMS no centro desse processo e que reduza as desigualdades entre países e regiões. Temos de democratizar o sistema internacional de saúde, para que as vozes dos Estados e de suas populações, sobretudo as negligenciadas, possam ser ouvidas. A conclusão exitosa do instrumento sobre pandemias e a reforma do Regulamento Sanitário Internacional são elementos decisivos nesse momento. 

Isso implica também ampliar nossa agenda: reduzir desigualdades e promover a equidade. Nesse sentido reforço a proposição que o Brasil traz a essa Assembleia de uma resolução com defesa do respeito às especificidades da saúde dos povos indígenas. Agradeço a todos que apoiam esse nosso pleito. 

Confiamos no papel que a OMS possa exercer para realizar essas aspirações e na liderança do Dr. Tedros Adhanon. O Brasil voltou para somar sua voz e sua atuação em defesa da equidade em saúde, da paz e da solidariedade internacional. 

Muito obrigada!

Fonte:Ministério da Saúde