Saúde e Vigilância Sanitária

Mais de 1 mil mulheres são atendidas em ação do Ministério da Saúde na Ilha do Marajó (PA)

27/10/2021
Laísa Queiroz/MS

Planejamento familiar, pré-natal adequado e prevenção ao câncer de mama e ao câncer de colo do útero estão entre as principais pautas da saúde da mulher em todo o País. Para fortalecer esse cuidado, especialmente nas regiões mais vulneráveis e de difícil acesso, o Ministério da Saúde promoveu ação de uma semana na Ilha de Marajó, no Pará, região que concentra alguns dos menores índices de desenvolvimento humano (IDHs) do Brasil. No total, foram atendidas mais de 1 mil mulheres entre os dias 17 e 23 de outubro.

Para o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, mais do que estar presente por alguns dias, o importante é o legado deixado pela pasta. “A gente sabe que não adianta fazer uma visita, ir embora e, depois, tudo voltar ao mesmo estado de antes. Nosso objetivo foi trazer ações com impacto de longo prazo, principalmente por meio da capacitação dos profissionais que trabalham na região e que podem dar continuidade a essa missão”, defendeu o médico, que representou o Ministério da Saúde na ação.

Prevenção

Como parte das ações prioritárias do Outubro Rosa, a pasta realizou 114 mamografias, 272 exames preventivos e 40 colposcopias, exames para detecção de câncer do colo do útero, recomendado após o exame preventivo para algumas mulheres. Também foram feitos 1.108 testes de gravidez, 248 testes sorológicos (HIV, sífilis e hepatite B), 9 biópsias e 11 exames de raio X.

As equipes de médicos enviadas pelo Ministério da Saúde realizaram 719 atendimentos médicos, sendo 98 consultas ginecológicas, em oito cidades marajoaras: Breves, Portel, Melgaço, Curralinho, Muaná, Limoeiro, São Sebastião e Bagre. Além das UBS, os atendimentos também foram feitos no Navio de Assistência Hospitalar Soares de Meirelles da Marinha do Brasil e no Navio da Caixa Econômica Federal.

As ações da semana foram realizadas pelo Departamento de Ações Programáticas Estratégicas do Ministério da Saúde e integram o programa Abrace o Marajó, uma iniciativa interministerial encabeçada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Além da área da saúde, o programa abrange educação, infraestrutura e desenvolvimento social e econômico da região.

Inserção de DIU

Durante toda a semana, foram feitas 927 inserções de dispositivos intra-uterinos (DIUs), uma demanda represada nos municípios da Ilha de Marajó. “As mulheres fizeram fila nas unidades de saúde, e o interesse foi tão grande que precisamos trazer mais dispositivos do que tínhamos planejado inicialmente”, comentou o secretário.

Uma das beneficiadas foi a professora Diélida Oliveira Carvalho, de 32 anos, residente de Melgaço (PA). Assim que recebeu o resultado negativo para o teste de gravidez, comemorou com as amigas e agendou a inserção do DIU para o dia seguinte. Ela tem duas filhas, uma de nove e outra de dois anos, e desde que a segunda nasceu, ela não quer mais outra gestação, e estava tomando anticonceptivo injetável mensalmente. “Soube desta ação pela minha irmã, e fiquei muito feliz, porque é um método que vai me proteger por vários anos”, justificou.

O DIU é um dispositivo seguro, que previne a gravidez e está disponível gratuitamente na Atenção Primária do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, o Marajó precisava de profissionais capacitados para fazer a inserção do DIU nos consultórios. Pensando nisso, a Coordenação dos Ciclos de Vida do Ministério da Saúde promoveu uma capacitação com trabalhadores das unidades básicas de saúde da região. Agora, o arquipélago conta com 27 profissionais habilitados para colocar o DIU, em cinco municípios.

“Isso é muito positivo, porque as mulheres que participaram da ação saíam do consultório e contavam para as amigas e para a família que colocaram o DIU. Acredito que elas possam influenciar muitas outras mulheres nas próximas semanas para fazer o mesmo, contribuindo com o planejamento familiar e a redução da mortalidade materna”, opinou Ana Cristina Russo, coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, e integrante da equipe de ginecologistas que treinou profissionais de saúde de Marajó para a inserção do dispositivo.

Capacitação

Outros 132 profissionais (entre médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos e agentes comunitários de saúde) foram capacitados na Ilha de Marajó por meio da iniciativa Força Pré-Natal do SUS.

Uma equipe enviada pelo Ministério da Saúde, composta por médico obstetra, médico de família e comunidade, enfermeira e odontóloga, foi responsável por ministrar aulas expositivas, abordando casos clínicos e cenários de simulação, a fim de qualificar a atenção a gestantes e puérperas. Os encontros abordavam os seguintes temas:

  • Manejo clínico da gestação e estratificação de risco;
  • Consulta odontológica na gestante;
  • Diagnóstico e tratamento da sífilis na gestação e enfrentamento da sífilis congênita;
  • Coleta de preventivo do câncer de colo do útero na gestante;
  • Principais intercorrências obstétricas nos três trimestres;
  • Prevenção, diagnóstico e manejo da hipertensão na gestação, do diabetes gestacional, da bacteriúria assintomática e da anemia na gestação;
  • Acompanhamento nutricional da gestante;
  • Vigilância fetal;
  • Fluxos de referência ao pré-natal de alto risco.

 

“Qualificar o pré-natal é uma ação estratégica para o enfrentamento da morbimortalidade materna e infantil. É durante a gestação, principalmente nos meses iniciais, que podemos prevenir e detectar precocemente os principais agravos maternos e fetais, de forma a garantir o desenvolvimento saudável do bebê e a redução dos riscos de complicações durante a gestação, parto e puerpério”, destacou a coordenadora-geral de Ciclos de Vida do Ministério da Saúde, Lana Lourdes Aguiar Lima.

A segunda etapa da Força Pré-natal do SUS consiste na realização de webinários semanais, com o objetivo de apoiar tecnicamente a elaboração do plano de ação para a melhoria do acesso das gestantes ao pré-natal de baixo e alto risco. A terceira etapa é um curso EAD na plataforma do Campus Virtual de Saúde Pública.

Por Laísa Queiroz

Fonte:Ministério da Saúde