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Mês da prematuridade: Ministério da Saúde defende separação zero entre pais e recém-nascidos

29/11/2021

Foto: Laísa Queiroz

O parto e o nascimento prematuro representam um momento delicado nas vidas de milhares de pessoas. A fim de melhorar o acolhimento de bebês, mães e pais, bem como de aprimorar a recuperação dos recém-nascidos, a campanha do Novembro Roxo deste ano, celebrada em mais de 100 países, apresentou o seguinte tema: SEPARAÇÃO ZERO – DIREITO DO PREMATURO. Aja agora! Mantenha pais e bebês prematuros juntos! No Brasil, a cerimônia de comemoração aconteceu no Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (29).

O objetivo da campanha é reconhecer que esses bebês precisam de um acompanhamento diferenciado e ajuda-los no próprio desenvolvimento. O Método Canguru, por exemplo, é uma abordagem humanizada mundialmente reconhecida por contribuir com a estabilidade térmica, a normalização dos sinais vitais do recém-nascido e a criação de vínculo afetivo, a partir do contato precoce com a pele da mãe ou do pai. A estratégia QualiNEO também é destaque este ano, por oferecer apoio técnico e qualificação a maternidades para a redução da mortalidade neonatal.

Cecília Carvalho, mãe de Maria Eduarda, recomenda. “Minha filha nasceu prematura, e com 15 dias eu já pude fazer o Método Canguru, pele a pele, e pude ter livre acesso a ela”, conta. A família recebeu assistência no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal – que é referência em maternidade QualiNEO e Método Canguru – e compartilhou o depoimento durante o evento. Para Cecília, separar os bebês dos pais traz prejuízos emocionais e físicos. “Na internação, ela ouvia a nossa voz e já aumentava os batimentos cardíacos”, lembra. Maria Eduarda, que também estava presente, tem três anos hoje.

O diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Braga, lembrou da importância de considerar toda a família, e não só a mãe, na estratégia. “É preciso que as maternidades reconheçam que pai não é visita”, ponderou. Ele também reforçou o compromisso de todo o poder executivo com a saúde neonatal: “o governo federal tem a primeira infância como agenda prioritária de gestão”.

O secretário de Atenção Primária à Saúde da pasta, Raphael Câmara, também participou da cerimônia, e citou alguns investimentos feitos pelo Ministério da Saúde na área.  “Anualmente, são investidos cerca de R$ 1 bilhão na Rede Cegonha, que estrutura e organiza a atenção à saúde materno-infantil no País, abrangendo gravidez, parto e puerpério. Todas as 27 unidades federativas do País são beneficiadas por esse montante, e a Rede é integrada por 626 maternidades, que realizam mais de 500 partos por ano”, destacou. Ele ainda lembrou do Plano de Enfrentamento à Mortalidade Materna e Infantil, cuja discussão avançou na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) este ano, e tem a previsão de ser lançado no início de 2022.

Premiação

Quatro experiências exitosas na estratégia QualiNEO e no Método Canguru receberam certificados de reconhecimento do Ministério da Saúde. Foram eles o Centro de Referência Nacional da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), representado pela superintendente Joyce Santos; o Centro de Referência Estadual da Maternidade Evangelina Rosa, do Piauí, representado pelo superintendente Marcos da Silva; o Centro de Referência Estadual do HRT, representado por Thaiça Magalhães de Souza; e um certificado de reconhecimento aos profissionais de saúde do Distrito Federal pelo esforço integrado para a redução da mortalidade infantil, recebido por Mirian Santos.

Também participaram da cerimônia a coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Janini Ginani, a coordenadora de ações nacionais e de cooperação do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Gomes, a presidente da ONG Prematuridade (parceira do Ministério da Saúde na pauta), Denise Suguitani, a coordenadora da unidade técnica da família, gênero e curso de vida da Organização Pan-americana de Saúde (Opas/OMS), Lelly Guzmán, o assessor do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) Diogo Demarchi, além da presidente do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Maria Santiago Rego, que participou à distância. O evento ainda contou com uma apresentação do pediatra Renato Lima, também da Opas, que abordou a assistência neonatal em locais remotos a partir da própria experiência capacitando profissionais de saúde do Piauí – ele tem um livro publicado sobre o tema que foi distribuído a todos os presentes: Uma chance de respirar.

Confira aqui as fotos.

Saúde neonatal

Globalmente, cerca de 15 milhões de bebês passam por nascimento prematuro todos os anos. No Brasil, 320 mil bebês nascem de maneira prematura a cada ano, o equivalente a 877 por dia, 37 por hora ou seis prematuros a cada 10 minutos. Dados dos sistemas de informações do Sistema Único de Saúde (SUS) informam que, em 2019, 11% dos nascidos vivos no Brasil foram prematuros; em 2020, 11,31%; e, em 2021, 12,19%. São considerados prematuros (ou pré-termos), os bebês que vêm ao mundo antes de completar 37 semanas de gestação.

O Ministério da Saúde vem desenvolvendo diversas ações voltadas para o cuidado neonatal para qualificar o modelo assistencial e diminuir as taxas de parto prematuro no Brasil, bem como intensificar o cuidado aos recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso que estão internados em Unidades Neonatais brasileiras. Entre as medidas já citadas, vale destacar que a estratégia QualiNEO está presente em 90 maternidades do País atualmente. Além disso, o SUS conta com cinco Centros Nacionais de Referência para o Método Canguru, e cada estado da federação tem um centro estadual de referência para matriciamento do método. Outra prioridade da pasta e do governo federal é a promoção do aleitamento materno até os dois anos.

Para qualificar a atenção, foram lançados dois cursos pelo Ministério da Saúde e parceiros. A Especialização em Enfermagem Neonatal, que tem formato híbrido (online e presencial) por meio do IFF/Fiocruz, é voltado para 163 enfermeiras(os) que atuam em maternidades públicas integrantes do primeiro ciclo da Estratégia QualiLINEO nos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Para, Piauí, Roraima e Sergipe. Já o curso Atualização do Método Canguru: Atenção Hospitalar, direcionado profissionais de saúde com ensino superior que atuem em maternidades com unidade neonatal no SUS, é online e tem vagas para capacitar 600 pessoas.


Fonte:Secretaria de Atenção Primária à Saúde