Saúde e Vigilância Sanitária

Ministério da Saúde amplia o NutriSUS

22/10/2021
Paula Bittar

O Ministério da Saúde lançou em Manaus (AM), nesta sexta-feira (22), a nova fase do NutriSUS — Estratégia de fortificação da alimentação infantil com micronutrientes em pó. A atuação planejada para 2021/2022 contemplará 233 mil crianças brasileiras em 643 municípios selecionados nas cinco regiões do país.

A estratégia entra em uma nova fase, que prevê a implementação por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Atenção Primária à Saúde (APS), e não mais por meio de creches públicas e conveniadas, como realizado de 2014 a 2019. A operacionalização foi alterada, considerando o atual cenário epidemiológico e levando em conta que cerca de 70% da população brasileira está coberta pela Atenção Primária, que é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Dessa forma, ações integradas de nutrição e saúde promovidas nas UBS têm grande potencial de impacto.

O Amazonas será o estado pioneiro na nova fase da operacionalização do NutriSUS no contexto da Atenção Primária. Para essa primeira etapa no estado, 44 dos 45 municípios que manifestaram interesse na estratégia via Programa Saúde na Escola (PSE) para o ano de 2021 confirmaram adesão na estratégia, correspondendo a 28.436 crianças de seis a 24 meses que serão beneficiadas.

"Sabe-se que a má nutrição prejudica o desenvolvimento e aprendizagem da criança, impactando a saúde ao longo da vida. Podemos reverter o cenário em que algumas regiões do país unindo forças com os gestores locais para ampliar cada vez mais as ações de vigilância nutricional, especialmente o NutriSUS em sua nova fase", ressaltou o secretário da Atenção Primária à Saúde (Saps), Raphael Câmara, em evento que apresentou a mudança na operacionalização da estratégia.

Nesta primeira etapa 18 distritos sanitários especiais indígenas (DSEIs) serão contemplados, beneficiando aproximadamente 4 mil crianças. Além da inclusão dos DSEIS no recebimento prioritário dos sachês, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) junto com a Saps, atuam na temática da prevenção da anemia e da desnutrição por meio da adaptação da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil para grupos indígenas. "A Amazônia tem 52% da população indígena brasileira. Mesmo as equipes de saúde tendo atuado durante a pandemia, vimos aumentar alguns dos agravos que enfrentamos. E a desnutrição é um deles", explicou o secretário da Sesai, Robson Santos, sobre apoio e implementação da estratégia.

Participaram do evento o secretário de Estado da Saúde, Anoar Samad, o subsecretário de Saúde do município de Manaus, Djalma Pinheiro, a representante da Unicef Débora Ananja, e a coordenadora substituta da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Paloma Abelin.

Suplementação

A fortificação tem como objetivo potencializar o pleno desenvolvimento infantil, a prevenção e o controle da anemia e outras carências nutricionais por meio da suplementação com micronutrientes em pó (15 vitaminas e minerais). A ação consiste na adição direta da mistura de vitaminas e minerais em pó em uma das refeições oferecidas para as crianças diariamente. A estratégia é tão efetiva quanto a suplementação com ferro na prevenção da anemia, no entanto, apresenta melhor aceitação em função dos reduzidos efeitos colaterais quando comparado à administração de suplemento de ferro isolado.

O Ministério da Saúde orienta que a dispensação dos sachês de micronutrientes seja realizada durante as consultas de puericultura, a fim de otimizar o processo de operacionalização, bem como aproveitar o momento propício para potencializar o cuidado integral da saúde da criança.

A faixa etária das crianças beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) foi reduzida para seis a 24 meses de idade. O ajuste foi necessário, pois os novos dados nacionais disponíveis no Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani -2019), financiado pelo Ministério da Saúde, mostram que a anemia é mais prevalente nesta faixa etária e em populações de maior vulnerabilidade devido às dificuldades no acesso à alimentação saudável, situação agravada pela pandemia de covid-19.

Cenário atual

Os dados disponibilizados pelo Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani -2019) mostram que a anemia afeta 10% das crianças brasileiras entre seis e 59 meses de idade, sendo mais prevalente entre aquelas na faixa etária de seis a 23 meses (18,9%). Considerando as regiões do país, a ocorrência da anemia em menores de dois anos é mais elevada na região Norte (30,3%), seguida pelas regiões Centro-Oeste (19,2%), Nordeste (18,6%), Sudeste (17,6%) e Sul (13,8%).
Apesar de, nos últimos anos, o Brasil ter apresentado avanços na redução da anemia entre as crianças — recuou de 20,9% em 2006 para 10,0% em 2019 em crianças menores de cinco anos —, as desigualdades ainda persistem em nível regional.

Os primeiros anos de vida necessitam de especial atenção para garantir que as crianças cresçam de forma saudável. As práticas alimentares inadequadas nessa fase da vida estão relacionadas a uma série de complicações, devido às carências específicas de micronutrientes como ferro, zinco e vitamina A, que impactam no desenvolvimento cognitivo, motor, emocional e social, sendo repercutidas não somente durante a infância, mas também a longo prazo.

Paula Bittar
Ministério da Saúde

Fonte:Ministério da Saúde