Saúde e Vigilância Sanitária

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, Saúde lança estratégias para reverter queda na procura por tratamento contra o tabagismo

29/08/2021

Em que mundo e época você vive? Se você ainda fuma, você é cringe, termo de origem inglesa que ganhou intensa repercussão no Brasil nos últimos meses. É uma gíria usada para se referir às situações desconfortantes e constrangedoras vivenciadas por determinada pessoa e, mais recentemente, a hábitos e costumes antiquados.

No Dia de Combate ao Fumo, celebrado neste domingo (29), o Ministério da Saúde lança estratégias para reverter a queda na procura por tratamentos contra o tabagismo no contexto da pandemia da Covid-19. A redução da busca se explica por diversos fatores combinados, como o incentivo para ficar em casa, fuga de aglomerações, entre outros.

“Comparando o ano de 2020 com 2019, nós tivemos redução nos atendimentos odontológicos, em consultas, aplicação de vacinas, busca ativa, visitas domiciliares. Contudo, nós tivemos aumento de procedimentos em determinados nichos. Especificamente em relação às doenças crônicas não transmissíveis, houve redução de 17% em consultas, mas aumento no número de procedimentos”, analisou a coordenadora-geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde, Jaqueline Misael.

De acordo com dados coletados pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo, coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), instituto federal vinculado ao Ministério da Saúde, a redução de pessoas que buscaram tratamento contra o tabagismo em 2020 foi de 66% em relação ao ano anterior. Os dados da pesquisa foram detalhados na última quarta-feira (25), durante seminário virtual promovido pelo INCA. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em vídeo, ressaltou a importância da data para o enfrentamento ao tabagismo e reforçou ações do Governo Federal sobre conscientização e tratamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre as medidas adotadas pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo estão os cuidados à distância, com estímulo para uso de ferramentas tecnológicas, como os aplicativos WhatsApp, Zoom, Skype e outros para tele atendimento; capacitação de cerca de 5 mil profissionais de saúde para tratamento ao fumante para fortalecer não apenas a atenção primária, mas também os Centros de Atenção Psicossocial e de Atenção Especializada, além do desenvolvimento de diversos materiais para apoiar a população, os fumantes e as equipes de saúde, como notas técnicas, alertas, infográficos, cards e mini vídeos.

No Brasil, o fumo mata, por ano, cerca de 162 mil pessoas e custa mais de R$ 125 bilhões aos cofres públicos em gastos diretos e indiretos com doenças recorrentes provocadas pelo ato de fumar, como o câncer de pulmão, por exemplo. Isso equivale a 23% do que o Brasil gastou, em 2020, com o enfrentamento à Covid-19. O alto custo do tabagismo não inclui os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a dependência de nicotina.

Para reverter esse quadro, uma das estratégias defendidas pelo Governo Federal é justamente colocar altas taxas de impostos sobre os produtos de tabaco como forma de desencorajar o consumo. "E parte desses impostos podem ser destinados, por exemplo, para os tratamentos para deixar de fumar", defendeu a secretária executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco do INCA, Tânia Cavalcante.

O consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Diogo Alves, lembrou que o tabaco “é o único produto vendido de forma legal que vai levar a óbito metade de seus consumidores”. Já a representante da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do INCA, Vera Borges, disse que os dispositivos eletrônicos não evitam a dependência de nicotina, podem levar ao consumo de cigarro convencional e que a indústria do tabaco tem estratégias para atrair os jovens. “Nosso trabalho tem sido respeitado internacionalmente. Em 2019, por exemplo, o Brasil foi reconhecido pela OMS por atingir progressos significativos em todas as áreas monitoradas pelo Relatório da OMS sobre a epidemia global do tabaco. Antes de nós, apenas a Turquia havia apresentado tal resultado, em 2013”, destacou a diretora-geral do INCA, Ana Cristina Pinho.

Outros eventos marcam a data

As comemorações pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo incluem ainda duas audiências públicas na Câmara dos Deputados. A primeira, "O impacto do uso do tabaco na saúde e as medidas necessárias para prevenir o tabagismo", dia 26, às 14h. A segunda, organizada pela Comissão de Finanças e Tributações, no dia 27, às 14h, com o tema "Reforma tributária: um mecanismo para corrigir as distorções entre o que o Estado Brasileiro gasta com Saúde Pública em decorrência das doenças tabaco relacionadas e o que arrecada com impostos incidentes sobre produtos de tabaco". Mais alguns dias a frente será a vez do seminário Abordagem Mínima na Cessação do Tabagismo, dia 31, às 9h30, na TV INCA, e do webinar (seminário virtual) "Apresentação das cartilhas com audiodescrição do Programa de Cessação do Tabagismo no SUS", dia 2, às 14h, também na TV INCA.

Sobre o Dia Nacional de Combate ao Fumo

Criado em 1986 pela Lei Federal 7.488, o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto) tem como objetivo reforçar as ações nacionais de conscientização sobre os danos sociais, de saúde, econômicos e ambientais causados pelo tabaco.

Nesta data, são promovidas campanhas para disseminar informações e conscientização sobre o comprometimento das pessoas em pararem de fumar. No âmbito da Covid-19, o tabagismo se mostrou fator de risco para o aumento de contaminação e para o possível agravamento de sintomas da doença em fumantes. Por isso, parar de fumar se torna uma medida de proteção à saúde de todos os cidadãos.

Os materiais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde, destacam a importância de protegermos a saúde de crianças, jovens e adolescentes. Eles são alvo de estratégias de venda para que possam se tornar um mercado repositor de novos consumidores, já que o consumo de tabaco mata mais da metade de seus usuários.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para ajudar você a parar de fumar. Busque uma unidade próxima à sua residência.

Parar de fumar é uma grande decisão, dizer não ao tabaco é a melhor escolha.

Gustavo Frasão
Com informações do INCA

Fonte:Ministério da Saúde