ATENÇÃO INTEGRAL

Saúde das populações que vivem, trabalham e transitam nas rodovias é debatida em fórum

22/03/2024
Marlon Max

Atenta à necessidade de aprimoramento do processo da implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Pnaish), instituída desde 2009, e à saúde das populações que vivem, trabalham e transitam nas rodovias brasileiras, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) realizou, na terça-feira (19), em Brasília, um fórum direcionado a este público, muitas vezes exposto a condições diversas de vulnerabilidades, sobretudo relacionadas às atividades laborais.

O fórum Atenção Primária à Saúde para o cuidado às populações que vivem, trabalham e transitam nas rodovias brasileiras reuniu gestores, pesquisadores, trabalhadores de saúde, controle social e outras instituições para debater a situação de saúde desse público, além de tratar da formulação de políticas e estratégias que promovam o acesso e cuidado integral à saúde dessa população.

O evento também ressaltou que um dos elementos vitais para a efetividade da implementação da Pnaish é a ampliação da participação social no planejamento, monitoramento e avaliação desta política pública de saúde.

Secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, ressaltou que a avaliação e o debate de conquistas e resultados da Estratégia Saúde da Família (ESF) ajudam a garantir mais acesso e cuidado integral às diversas populações em um país de muitas iniquidades.

“A estratégia de saúde da família sempre se caracterizou por alcançar melhores resultados na saúde por conseguir promover mais equidade. Isso significa manter as equipes de saúde da família, garantir o acesso e o cuidado dessas pessoas, expandir essas equipes e, além disso, estar próximo de onde as pessoas vivem, de onde as pessoas trabalham. Então, pensar em mais modalidades e possibilidades da saúde da família neste sentido é fundamental”, destacou o secretário.

Os públicos prioritários do projeto são as populações vivem ou trabalham nas rodovias do país, como caminhoneiros, profissionais do sexo, portuários, profissionais das zonas industriais, populações em situação de rua, populações em situação de violência (indígenas, crianças, adolescentes e mulheres), ciganos, andarilhos de estrada, migrantes e vendedores ambulantes.

Caminhoneiros

A realidade brasileira de milhões de trabalhadores do setor de transporte de cargas é um dos focos do projeto, já que a categoria, muitas vezes, desempenha longas e exaustivas jornadas de trabalho em viagens e, até mesmo, aguardando dias nos locais de carga e descarga.

Trata-se de um público exposto a diversos agravos em saúde e adoecimentos a partir de comportamentos pouco saudáveis, como alimentação inadequada, sedentarismo, exaustão física (sono e repouso insuficientes), uso prejudicial de álcool e outras drogas, maior incidência de ISTs e menor acesso a serviços de saúde.

O coordenador de Atenção à Saúde do Homem, do Departamento de Gestão do Cuidado Integral (DGCI), Celmário Castro Brandão, explica que o evento focou em uma população que, muitas vezes, tem o acesso negligenciado, principalmente os caminhoneiros. 

Itinerância

“Consideramos todas as pessoas que vivem e trabalham nas rodovias brasileiras, sobretudo a categoria profissional dos caminhoneiros, cuja população masculina é de 98%, embora não possamos esquecer as mulheres que desempenham essa profissão”, considerou.

“Chamamos esses trabalhadores a debater, ao lado de gestores, pesquisadores essa temática, que é a busca por um serviço que devidamente acolha e cuide dessa população, tendo em vista que essa característica da itinerância é mais uma barreira ao acesso de serviços de atenção primária”, acrescentou Brandão.

O último levantamento realizado pela Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP) – “O Perfil do Caminhoneiro Brasileiro” – apontou que 83,9% dos caminhoneiros alegam condições sanitárias precárias.

A pesquisa ainda destacou que 55,2% alega falta de cuidados de saúde e que 48,5% sente falta de atividade física. Outros estudos ainda apontam que 21,9% dos caminhoneiros foram positivos para infecções sexualmente transmissíveis (IST) – índice três vezes maior que o registrado na população em geral.

Além do diretor do Departamento de Gestão do Cuidado Integral, Marcos Pedrosa, participaram do fórum Altamira Simões, representando o Conselho Nacional de Saúde (CNS), Elisa Prieto, da Organização Panamericana de Saúde (Opas), e Michael Oliveira, do Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (Conasems), além de coordenadores estaduais de Saúde do Homem e representantes do Conass, Sest/Senat, Ministério da Infraestrutura, Ministério dos Transportes, Rodoviária Federal, dentre outros.

Fonte:Ministério da Saúde