RIO GRANDE DO SUL

Sistemas de alerta do Ministério da Saúde evitaram prejuízos severos a indígenas no RS

23/05/2024

O funcionamento de dois sistemas de alerta do Ministério da Saúde evitou prejuízos severos a comunidades indígenas no Rio Grande do Sul. O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) emitiu alertas prévios de que chuvas fortes viriam, tendo assim um Plano de Contingência de Inundações.

Além disso, a criação do Comitê de Resposta a Eventos Extremos na Saúde Indígena (Cresi), em outubro do ano passado, intensificou a vigilância e o monitoramento de informações sobre riscos de desastres. Antes das chuvas chegarem, o Cievs já tinha emitido para as equipes multidisciplinares de saúde indígena as informações sobre os possíveis riscos de temporais e, antes do final de abril, já havia sido articulado um fluxo de informação e monitoramento dos impactos.

Sem mortes e desaparecidos

Dessa forma, o ministério não registrou mortes ou desaparecimento de indígenas durante a tragédia provocada pelas cheias. A Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) efetuou a busca ativa em todos os sete polos base da região. Com o apoio do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Interior Sul, todas as comunidades do estado foram vistoriadas, o que permitiu o diagnóstico.

Em diferentes proporções, os impactos foram: dificuldades na comunicação, no fornecimento de energia elétrica nas residências e nas unidades de saúde, danos em Sistemas de Abastecimento de Água (SAA) e estruturas dos serviços de saúde, necessidade de evacuação e restrição do acesso às aldeias.

Evacuação em polos base

Os polos base Barra do Ribeiro e Porto Alegre foram os mais atingidos durante as cheias. Os polos Guarita, Osório, Passo Fundo e Viamão também registraram danos.

A situação mais dramática ocorreu no último dia 6. Um total de seis aldeias e 220 indígenas dos polos Barra do Ribeiro, Passo Fundo, Porto Alegre e Viamão foram evacuados. Os indígenas foram abrigados em ginásios, escolas municipais e também em casas de parentes, igrejas e partes mais altas nas comunidades.

“O alerta e a informação chegam em todas as pontas, tanto a nível de profissionais que atuam no território quanto para as lideranças indígenas. As equipes já possuem muito conhecimento sobre seu território de atuação o que faz essa informação chegar, inclusive de forma traduzida, para quem está em risco”, explica o secretário da Sesai, Weibe Tapeba.

Atualmente, 45 aldeias estão parcialmente ou totalmente isoladas, totalizando 11.743 indígenas afetados, distribuídos por 30 municípios. No mesmo sentido, 16 aldeias, onde vivem 4.884 indígenas tiveram estruturas de saúde parcialmente ou totalmente impactadas. “A estrutura de monitoramento, o vínculo de ajuda e de colaboração nas comunidades evitaram que registrássemos desaparecimentos ou mortes. A ajuda coletiva ajudou muito nesse sentido”, acredita Tapeba.

Atendimento conjunto

A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) atua junto com a Sesai com duas equipes compostas por um médico, um enfermeiro e um técnico de enfermagem para complementar a força de trabalho. Além disso, parceiros como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Cruz Vermelha e a Unicef atuam na assistência aos povos indígenas no Rio Grande do Sul.

“As ações são assistenciais, mas não deixam de ser humanitárias. Como a entrega de donativos, agasalhos, água e alimentos garantir assistência para comunidades que passam por dificuldades”, destaca o secretário.

Recursos aplicados

A medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de maio, traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais. Desse recurso, R$ 21,4 milhões são para a saúde indígena.

Segundo o secretário, o montante será destinado a ampliar e manter serviços, sobretudo para o bem viver indígena. A contratação de psicólogos para atuarem no território indígena foi elencada como a principal prioridade.

Fonte:Ministério da Saúde