Trinta e dois repatriados de Gaza desembarcaram, no final da noite de ontem (13), na Base Aérea de Brasília, em mais uma etapa da Operação Voltando em Paz, do governo federal. Eles foram recepcionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e outros quatro ministros de governo. Assim que deixaram a aeronave, passageiros brasileiros e seus parentes palestinos receberam os primeiros cuidados de saúde de uma equipe da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNS).
Cinco profissionais foram destacados para o atendimento: um médico, um enfermeiro e três psicólogos. Duas ambulâncias do SAMU também estavam a postos na base aérea, com a intenção de monitorar duas crianças e uma gestante, mas não houve necessidade de remoção para um hospital. Os cuidados seguem ao longo dos próximos dias em Brasília, no alojamento onde os repatriados estão hospedados. Nesta terça-feira (14), eles estão sendo imunizados e recebem atendimento médico e psicológico.
“Hoje é um dia de alegria para o Brasil. A chegada desse décimo avião é o coroamento de um trabalho muito sério que a gente deve a muita gente", disse o presidente Lula, em referência a diplomatas, ministros, Força Aérea e a toda uma articulação para garantir o cuidado com os repatriados.
Outras ações foram executadas pelo Ministério da Saúde ao longo dos últimos meses. A pasta compartilhou com os estados e municípios orientações para o melhor acolhimento e integração destas pessoas nas redes locais de saúde, incluindo aspectos das atenções primária, especializada e vigilância em saúde.
“A exposição da população ao conflito armado, guerras e terrorismo, pode acarretar sequelas na saúde mental, gerando transtornos mentais moderados e graves, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia, estresse pós-traumático”, afirma o diretor do Departamento de Atenção Hospitalar do ministério, Nilton Pereira. “Esta população deve ser assistida para que a consequência dos traumas e danos à saúde mental sejam amenizados, tendo como objetivo um retorno à vida social”, acrescenta.
Kits calamidade enviados
No âmbito da operação, o ministério também já vinha oferecendo assistência médica. Este mês, por meio de uma aeronave presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB), foram encaminhados dois ‘kits calamidade’ para atender a brasileiros e seus parentes na Faixa de Gaza.
Cada kit atende até 1,5 mil pessoas ao longo de um mês e é composto por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, bem como luvas e seringas. Ao todo, são 48 itens em cada kit com um total de 267 quilos de materiais.
Foram disponibilizados ainda panfletos com orientação aos repatriados quanto à importância de se manter a caderneta de vacinação em dia e observar sintomas como, por exemplo, febre, tosse ou dor de garganta nos primeiros 30 dias do retorno. O material está disponível em português, árabe e hebraico.
Nota técnica com orientações
Por fim, em nota técnica recente, a pasta divulgou uma série de recomendações a gestores e equipes de saúde que tratam da recepção, acolhimento, assistência e vigilância em saúde de repatriados e migrantes vindos das áreas afetadas pela guerra.
Entre as recomendações, está a pactuação e ampla divulgação do fluxo de acolhimento e atendimento dos repatriados e migrantes aos gestores do SUS, além da garantia de assistência sem a exigência de documentação específica que possa impedir o acesso, o cadastramento ou notificação, respeitando e considerando questões interculturais e linguísticas das pessoas assistidas.
A pasta também reforçou orientação quanto a necessidade de inserção de informações completas sobre o usuário repatriado e migrante nos sistemas de informação de saúde do SUS e outros instrumentos de registro para possibilitar monitoramento e visibilidade desses grupos. Os espaços de assistência em saúde mental também devem fazer parte do fluxo de atendimento, por meio da rede de atenção psicossocial em articulação com a equipe da FNS.
O Ministério da Saúde é um dos órgãos de governo que integram a Operação Voltando em Paz, que oferece diversas formas de acolhimento e já trouxe de volta ao Brasil, até o momento, mais de 1.400 pessoas que se encontravam na zona de conflito no Oriente Médio.